Rua Pero Moreno

Pero Moreno, ou Pero Fernandes Moreno, foi o primeiro senhor do Côvo e o primeiro fundador da indústria do vidro em Oliveira de Azeméis.

Mestre vidreiro e castelhano de origem, emigra para Portugal e casa em primeiras núpcias com Baralides de Olmedo, irmã do Mestre Olmedo, de cujo matrimónio nasceram cinco filhos.

Depois da morte de Baralides, por volta de 1520, vem para o norte e estabelece-se com um forno de vidro, no Côvo, no extremo sul de Vila Chã de S. Roque, do antigo termo da Feira, hoje do concelho de Oliveira de Azeméis. . .

Para assegurar os seus esforços e o seu vasto mercado, Pero Moreno fez um requerimento, a que se refere o alvará régio de 1528, onde pede o exclusivo da venda e do fabrico do vidro, desde a vila de Coruche, a sul do Tejo, até à fronteira da Galiza.

A indústria do vidro a que se dedica, para o seu desenvolvimento, exige, então, demoradas e frequentes deslocações por terras distantes para vender os seus produtos, procurar compradores e adquirir alguns materiais indispensáveis à sua laboração. Não tendo outros meios de transporte, Pero Moreno consegue, em 28 de Abril de 1533, licença régia para andar em “mula ou faca”.

É na carta de favor, concedida por D. João III, que aparece pela primeira vez com o nome de Pero Fernandes.

É possível que o estabelecimento de Pero Moreno no Côvo, de início, tivesse carácter provisório, mas as condições do local, particularmente favoráveis à indústria vidreira, pela abundância das águas e da lenha, a vizinhança da principal estrada de ligação entre o Norte e o Sul, e a proximidade do Porto, terra da sua mulher, acabariam por o decidir a fixar aqui a sua residência permanente.

O Côvo era, então, um sítio ermo, de chão inculto, coberto de selváticas e luxuriantes vegetações. Instalado aqui definitivamente, Pero Moreno, depois de construídas as casas de habitação no sopé da encosta, lado do pente e sobranceiro ao rio, começa a arrotear e a trabalhar os terrenos mais próximos e adequados à cultura.

Para salvaguardar os seus interesses, o mestre vidreiro coloca a mata do Côvo sob a protecção dos Senhores da Feira. O contrato de Emprazamento é celebrado no Porto, em Outubro de 1545. Por este contrato, segundo reza a escritura, Pero Moreno obriga-se a conservar a mata e a pagar anualmente, em Setembro, pelo S. Miguel, a renda ou foro de 1500 reis, “em ouro e de prata” boa de receber (corrente) e meia dúzia de vidros bons, tudo posto no castelo da Feira.

“Também não poderá dar, doar, vender, trocar nem alhear a mata”.

Enquanto outros centros vidreiros, coevas ou posteriores, tiveram de sucumbir por falta de combustível ou pela sua oposição que lhe moviam os povos vizinhos ao sentirem-se prejudicados pelo elevado consumo de lenhas, o forno do Côvo, graças a este prazo, pôde trabalhar quase ininterruptamente durante quatro séculos, sem nunca a lenha lhe escassear.

Pouco tempo se gozou, no entanto, dos benefícios deste contrato. Segundo o auto de partilhas de 1551, a morte do primeiro Senhor do Côvo ocorreu já no mesmo ano de 1945? portanto em 19 de Outubro. No Côvo apenas ficou a única filha de Pero Moreno e Violante Fernandes, D. Antónia.

Como fundador que foi da grande indústria local, a do vidro, que veio a contribuir para um maior progresso da terra, o seu nome não deve ser esquecido na toponímia de Oliveira de Azeméis.

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