Rua Eduardo Paúl

Eduardo Alves Dias Paúl nasceu a 17 de Agosto de 1881 na freguesia de Vitória, na cidade do Porto, filho de Paulo José Paúl e de Amélia Alves Dias. Faleceu a 1 de Outubro de 1952. Ainda de tenra idade, foi deixado aos cuidados da sua avó paterna, em virtude de os pais terem deixado a cidade Invicta, para se fixarem na sua terra natal, Trancoso. Foi um mero acaso que o fez enveredar pela fotografia, aquando da morte de um seu colega de escola. Não tendo qualquer fotografia do filho, a família deste seu colega resolveu mandar chamar um fotógrafo para lhe tirar uma fotografia no caixão, para assim ficarem com uma recordação do seu ente querido.

Durante os preparativos, o fotógrafo chamou o pai do falecido para ver, através do visor do vidro fosco da máquina, o enquadramento da fotografia, tendo Eduardo Paúl, que na altura tinha 12 anos de idade, pedido ao fotógrafo para que também o deixasse ver, tal era a sua curiosidade. Ao verificar o enquadramento da fotografia, ficou de tal forma maravilhado com o que se lhe deparou que, quando chegou a casa, disse à sua avó que não queria continuar a estudar porque queria ir aprender a arte de fotógrafo. Sua avó ainda insistiu que não deixasse os estudos, mas os seus esforços foram baldados. Estava decidido a ser fotógrafo. Assim, a sua avó pagou a um fotógrafo 4 libras para que o ensinasse a retocar clichés, para depois lhe ser mais fácil arranjar emprego. Conseguido o emprego numa casa fotográfica da cidade, deambulou por várias casas da especialidade, até adquirir a prática julgada necessária, para se poder tornar independente. Casado muito novo, com menos de 20 anos, enviuvou pouco depois e voltou a casar com uma irmã da falecida esposa, e nessa ocasião resolveu estabelecer-se em sociedade com o sogro, que era o sócio capitalista, com a Fotografia Águia na rua do Almada, num prédio que depois foi demolido aquando da abertura da rua Ramalho Ortigão. Já nessa ocasião era considerado, na cidade do Porto, um dos mais notáveis fotógrafos de sempre. Por razões familiares e pessoais, decidiu abandonar o Porto e instalar-se provisoriamente em Espinho.

Seguidamente, em 8 de Dezembro de 1914, chega a Oliveira de Azeméis à Estação de Caminho de Ferro, com a ideia de emigrar para o Brasil, para a cidade do Rio de Janeiro, o que acabou por não concretizar, demovido pela influência de alguns amigos de Oliveira de Azeméis, que na altura estudavam no Porto e de lá o conheciam. Então, radicou-se cá, onde voltou a casar, constituindo nova família, tendo desde logo começado a granjear a simpatia e amizades, dado os seus dotes artísticos e de comunicabilidade que possuía. Também nas agremiações desportivas, culturais e humanitárias de Oliveira de Azeméis teve um papel preponderante, tendo sido, inclusivamente, o primeiro Presidente da União Desportiva Oliveirense. No aspecto divulgador de tudo quanto se prendia com o progresso e as belezas de Oliveira de Azeméis, foi um incansável batalhador, estando sempre pronto a trabalhar gratuitamente para o seu engrandecimento, conhecimento e divulgação. Não é possível hoje reconstruir a memória de Oliveira de Azeméis nos princípios do século, senão através da perspectiva artística dos inúmeros trabalhos que levaram a sua assinatura em fotografias urbanas e paisagísticas, colecções de postais, retratos de personalidades e figuras típicas que fazem melhor a história da vila e da região no seu tempo do que muitas centenas de páginas descritivas. Do seu atelier saíram centenas ou até milhares de clichés de inúmeras realizações de vária ordem e das belezas e recantos de Oliveira de Azeméis, que percorreram os cinco continentes, pelo que o podemos considerar um autêntico embaixador da sua terra adoptiva que tanto amava.

Por tudo quanto Eduardo Paúl fez por Oliveira de Azeméis é, pois, de inteira justiça que se lhe perpetue o seu nome numa rua da nossa cidade, como prova de reconhecida gratidão. A rua onde instalou o seu atelier é mais conhecida por rua do Paúl do que pelo nome do seu patrono, Dr. Simão dos Reis. O uso popular, ao longo dos tempos, fez justiça a uma obra que ultrapassou o mero intuito comercial e diz muito do prestígio que granjeou e do carinho que os oliveirenses lhe dedicaram. Não seria demais, portanto, reconhecer de direito o que o povo e a vida consagraram de facto e conceder o nome de Eduardo Paúl à actual rua Dr. Simão dos Reis, transitando o nome deste para outra artéria da cidade.

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